"Palavras são, na minha humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia."

Desde 2011, quando comecei a estudar sobre Design Thinking, até os dias de hoje venho notando o quanto ele tem se tornado relevante em grande parte das empresas. É bizarro pensar que a 7 anos atrás era difícil de encontrar aqui no Brasil pessoas que sabiam o que significava este termo e muito menos alguém que não era designer que aplicava isso no dia-a-dia. Design Thinking é utilizar todo o potencial empático do processo do Design em qualquer tipo de atividade que demande a satisfação do usuário final, é ter empatia e pensar nele a todo instante, é prototipar para errar rápido e é também colaborar ao extremo.

Acontece que por mais que o Design Thinking tenha virado mais um dos jargões corporativos repetidos nos corredores e reuniões ainda há muito a se caminhar quando falamos da efetividade e maturidade do tema nas equipes. O que percebo nas mais diversas conversas que tenho sobre o tema é que os métodos e processos do Design Thinking são muito utilizados durante as primeiras fases da concepção do produto e depois são deixados de lado enquanto o produto é construído e completamente anulados quando os prazos finais se aproximam, perdendo-se assim muito do material que foi levantado no início.

A pergunta que fica é: a facilidade de construção ou o prazo final do projeto são realmente os pontos que mais importam para o seu usuário final? O seu usuário está no centro de tudo, ou seu processo corporativo anda passando por cima dos desejos dele?

O Design Thinking tem que ser parte da construção do produto como um todo e não só da Ideação! A empatia com o usuário tem que ser preocupação constante e os materiais da ideação devem não ser somente usados durante a construção como devem ser enriquecidos após os feedbacks dos protótipos criados. Testar exaustivamente, errar rápido, voltar e enriquecer as ideias são passos quase que indispensáveis do processo criativo.

Com uma simples ação é possível não se esquecer de usar o Design Thinking durante todo o processo: deixe na pauta de qualquer reunião ou em algum lugar visível no local de trabalho a pergunta "E o usuário?". Tendo sempre essa pergunta em pauta naturalmente será necessário voltar alguns passos para entender melhor os problemas e necessidades que levarão a soluções que realmente geram valor!

Fazia muito calor em meados de Abril aqui em São Paulo, estava andando pela região da Paulista e então decidi fazer uma pausa e dar uma olhada em uma livraria. Dentro da loja logo avistei um toilet e decidi lavar o rosto para me refrescar. Logo depois de lavar o rosto me arrependi profundamente de ter feito isso, pois olhei para os lados e apenas vi um secador para as mãos.

Mas Murillo, o que sua história banal de ir lavar o rosto na livraria tem a ver com usabilidade? Tudo.

Certamente ao adotarem a nova máquina de secar mãos a livraria teve de analisar questões como marca, preço e viabilidade para implantação em seus toilets. Os donos da loja certamente verificaram se a máquina gastava menos energia, depois devem ter percebido que não exigia o trabalho de ter um estoque de papel e nem de se fazer sua reposição, talvez devem até ter checado a qualidade do produto e ver se ele realmente secava adequadamente as mãos. Não duvido também que devem ter pensado no meio-ambiente, pois a própria máquina dizia que eu estaria salvando árvores caso eu a utilizasse.

Analisaram muito bem a máquina, mas será que realmente pararam para estudar o que o usuário daquela máquina faz no toilet? Ou para quais fins utilizava as folhas de papel? Será que ele apenas lava as mãos no toilet da livraria e apenas precisa seca-las? 

Acredito que você deva ter entendido que não quero uma revolução contra as máquinas de secar mãos, pois realmente acredito que ela atenda todos os requisitos para a atividade para a qual foi desenhada. De qualquer forma eu não preciso apenas secar as mãos, talvez eu precise secar o rosto, ou a boca após escovar os dentes, ou até mesmo limpar alguma sujeira na minha roupa e etc. Concluindo, faltou empatia por parte dos responsáveis da livraria ao implantar a máquina de secar mãos e retirar a toalha de papel. Talvez um erro bobo como este poderia impactar até mesmo nas vendas da loja.

Usabilidade está nas pequenas coisas e em todos os lugares. A dica que fica é: Conheça, MUITO BEM, o seu Usuário! ;)

A repercussão ainda tímida desta triste novidade demonstra como os consumidores se sentem sem saída quando falamos da qualidade do serviço de internet no Brasil. Um retrocesso, essa é a melhor palavra que encontro para descrever este episódio. Realmente é muito mais fácil e cômodo cortar a qualidade e cobrar o mesmo preço do que melhorar e agregar valor ao serviço garantindo todo o acesso a informação que já possuíamos e na velocidade que foi contratada.

É interessante também notar que os que serão mais prejudicados com essa limitação são os serviços de streamming, que hoje são os maiores concorrentes das TVs por Assinatura que também são fornecidas pelas mesmas empresas que querem limitar a internet.

Isto é, querem decidir por nós o que queremos consumir, como consumir e o que acessamos na Internet!!!

O discurso pró-limite

Existem outros argumentos das operadoras para limitar a internet: Elas dizem que você tem que pagar pelo o quanto você usa e que no cenário atual 10% dos usuários usam 90% da banda e que isso não é justo. Até mesmo a própria Anatel se mostrou a favor deste discurso. :(

O ponto é que 90% das pessoas só usam 10% da rede porque elas querem, hoje elas teriam a liberdade de baixar mais coisas e consumir mais conteúdo online. Estão querendo tirar essa liberdade até mesmo destes que hoje não usam muito.

E agora... quem poderá nos defender?

O boicote é a solução mais enunciada nos fóruns e comentários que li, mas convenhamos que a internet se tornou um bem do qual não conseguimos mais ficar sem. Enfim, não consigo imaginar a galera adotando este tipo de protesto.

De qualquer modo, mostrar sua insatisfação nas redes sociais é bastante importante!

Acredito que a maior chance que nós consumidores temos de reverter essa situação é pedindo ajuda para nossas queridas empresas que fornecem o conteúdo online que tanto acessamos (ei Google, Netflix, Spotify, Sony, Microsoft, Blizzard, Riot, etc… sim, estou falando de todas vocês!). Digo isso porque estas empresas também são as principais interessadas de que continuemos tendo nosso padrão de consumo em suas plataformas, que dependem de uma internet sem limites e de boa qualidade. ;)

Os criadores de conteúdo online também tem de fazer sua parte compartilhando a ideia a insatisfação do pessoal. Trabalhamos fazendo conteúdo e queremos que as pessoas tenham acesso a ele!

Então vamos todos utilizar a hashtag #InternetLivre !! Todos contra o limite na nossa internet!! o/

---

Atualização: Criaram uma petição online contra o limite ( não sei se isso vai ajudar, mas quem sabe né...)

Segue o link:
https://secure.avaaz.org/po/petition/Vivo_GVT_OI_NET_Claro_Anatel_Ministerio_Publico_Federal_Contra_o_Limite_na_Franquia_de_Dados_na_Banda_Larga_Fixa/?stpGDdb


Atualização 2: Ontem (09 de fevereiro), criaram o Movimento Internet sem Limites. A página está divulgando várias imagens que podem ajudar na divulgação contra o limite da internet!

Vamos ajudar a divulgar:  https://www.facebook.com/Movimento-Internet-sem-Limites-241502512868392/

Se tem uma palavra que pode descrever o ano de 2015 foi “Mudanças”. Foi um ano complexo e até mesmo um pouco turbulento em alguns momentos. Chega até a ser engraçado pensar como o conceito de que tudo tende ao equilíbrio é universal e tão presente em nossas vidas.

Controle seu Tempo! from Murillo Boga